segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lamento

Leve contigo a minha dor, me leve,
Que triste são os dias que acabam aqui,
Sem teus olhos deitados sobre mim,
Sem tuas mãos calmas que me aquecem.
O nada preenche o meu vazio,
Se faz pesar a noite espessa,
Uma lembrança colore o nosso ninho,
Seu rosto não me sai da cabeça.

Ter peito aberto é um desafio,
Subir no topo da montanha,
Amar sem dor é como um Rio,
Limpa, mas é quem mais faz a lama.







sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Boa noite

Hoje as luzes se apagarão,
Me deitarei novamente,
Vou contar estrelas junto ao céu,
Na imensidão do Universo,
Vagar sem rumo por instantes,
E me sentir livre, enfim.
Vou usar a minha melhor roupa,
Dançar a dança mais difícil,
Ser criança sem vergonha,
Apaixonada pela vida,
Conhecer o mundo, pois ele é grande!,
Entre os tantos mundo que já visitei...,
Vou ver a cortina se fechar,
Tocar tarol no bloco lá perto de casa,
Vou pescar canções no pensamento,
Daquela moça mais bonita,
Serei um trovador medieval,
Com trajes típicos e versinhos,
Fazer cantatas silenciosas,
Que serão apreciadas ao pé do ouvido,
Daí em diante, tudo será um brilho,
Pra cada raio de sol voltar sorrindo,
Amarelo, laranja, vermelhinho,
E acordar feliz pra mais um dia.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Auto retrato

Seus olhares não são mais os mesmos,
Sua voz já não é mais a mesma,
Seu andar mudou de um tanto,
Seu silêncio me causa espanto,
Seu jeito me censurou.

As palavras soam diferente,
Quando ditas assim comumente,
Tem algo estranho em você,
Ao certo, não sei nem dizer,
Mas parece que algo mudou.

Mudaram a cor do seu rosto,
Com lágrimas brancas sem gosto,
E cheiro de algo ruim.
Suas mãos tremem sem frio,
No mesmo corpo vazio,
Que conta os dias pro fim.

Vontade lhe falta em demasia,
Há noites sem ver a cor do dia,
Suas palavras  e sua fisionomia,
Ouvintes da sua agonia,
As tardes de pura alegria,
Nas lembranças descansam em paz.

A primavera já veio e se foi,
A quem você irá contar os seus feitos?,
Olhe à frente e veja os espelhos,
Onde estão seus amigos fiés?,
Do outro lado? Não, você está sozinho!,
Das suas Rosas sobraram os espinhos,
Com os quais terá de conviver.

Agora que os ouvidos estão feridos,
Sua voz se cala em tristeza,
É tarde demais pra reparar os erros,
Ainda há tempo pra mudar o seu jeito,
Mas nada vai mudar o que foi dito,
A ignorância, a arrogância, o estilo,
De machucar pra se desculpar depois.

Perdido, se encontra em defeitos,
Seu choro é sincero em silêncio,
As horas passam sem você,
Não há tempo para um final feliz,
Irá morrer sozinho no inverno,
Pro frio recobrar suas lembranças,
E perceber que viver pra si mesmo,
É não saber nem tentar viver.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Rosa minha

Vez por outra ela abre os olhos,
E desabrocha com um belo sorriso,
Rosa dorme no sofá da sala,
Despreocupada com a hora do dia,
Gasta o tempo ao sabor do vento,
Sob a luz do astro vespertino,
Se alimenta das cores do horizonte,
Que escondido por detrás dos montes,
O azul celeste carrega consigo,
Ela é cada gota do oceano,
E cada bruma que vem me acordar,
Meu dia começa ao lembrar-me dela,
E é com ela à noite com quem eu quero estar.

De olhar sincero, comum, intrigante,
Ludibriando com sua lucidez,
Calada chora sob a luz sem graça,
De um lampião que aceso na praça,
Ilumina com vida toda a sua tez.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Cântico de boa noite


Um dia pensei em alguém,
com um olhar que me parasse em mim,
Sonhei com as nuvens, vi anjos,
Mas pareciam infimos,
Como galhos aos pés das florestas,
Meu espelho mágico me trouxe uma imagem,
Eram seus olhos e me vi parado,
Nos braços tranquilos da venus,
Com o coração entregue e tranquilo.

13/12/11

Dedicado a Patricia Dotta.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Inspiração


Sem inspiração, um poeta morre,
E seu peito vazio apodrece,
Entregue a sua própria sorte,
Sem as palavras que o apetecem.

Como as brumas do céu matutino,
Abandonando o azul celeste,
Sob as mãos de um beneditino.
Enquanto uma voz canta uma prece.

Quando das horas vazias de sentido,
Que as ruas tornaram gente,
Lá vai sua alma pendendo ao infinito,
Enquanto o corpo descansa quente.

Olhares vagos observam sem ver,
Que um choro contido se esvai,
Pelas lágrimas das folhas em branco,
Que suas palavras não irão receber.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Nossos dias

Uma tempestade se aproxima,
Enxergo longe e olho o tempo,
Há anos, esperamos por algo,
Há anos, perdemos a esperança,
Se foram os tempos de tortura,
De lá pra cá muito mudou,
Houve calmaria? Talvez não,
Lembra quando a ditadura se instaurou?
Nesse meio tempo mudamos a economia,
Nesse exato momento, não sei mais quem sou,
Mudamos quem nos escraviza,
Mas as estrelas no céu continuam as mesmas,
Às vezes as brumas das manhãs saem cedo,
Às vezes o vento está mais calmo,
Entre crises e compras fúteis,
Caminhamos, passo a passo,
Movimentamos a máquina,
Cédula por cédula, gastamos vidas,
Ganhamos em suor e sangue,
O nosso salário, nossa vida,
E rimos da nossa desgraça,
Pois é pior pensar nos motivos,
Seguindo sempre na ignorância,
Pois ninguém mesmo vai lembrar disso.






sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Cello

Quando vi teus olhos madeirados,
Que me fitavam frivolamente,
Teu corpo sensualizado,
Tornou-se tormento pra minha mente.

Dessa paixão que me tomou,
Só tu traduziste em melodia,
Só teu canto canta esse amor,
Obsessão renascida!

Tenho em mãos minha maior virtude,
Traduzida em Mogno e Carvalho,
Entre acordes e não amiúde,
Tive tal dádiva em meus braços.

Tua forma e perfeição,
Cuja curva é desastre aos desatentos,
Traz a cada acorde a maldição,
Um sofrer timbrado em desalento.

Nos teus gritos me debulho,
E sofro, a tua dor mais sofrida,
Entre a Banshee que te habita no fundo,
E teu silêncio emoldurado em poesia!

Quatro caminhos a perder-se,
Possuis nos braços minha ambição,
Traduzir-te tentei por mais de mil vezes,
Percebi que és sentimento sem tradução.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Aqueles olhinhos...


Então ficamos desse jeito,
Eu fingindo que não me importo,
E você que está feliz.
A felicidade é um mistério,
Estou certo que há algo além,
Mas até lá eu espero,
Na frente de um espelho,
Refletindo também.
Vou ficar pensando em nós,
Lembrando de que não há o que lembrar,
Nem mesmo houve um nós,
Houve um leve tocar de lábios,
Rápido e depois, você fugiu,
Pra fora do alcance dos meus braços,
Além do que meu caráter permite ir.

Então voou pelo horizonte,
E pousou bem perto de mim,
Nos galhos fora do meu alcance,
De longe você me sorri,
Se chega e vai tão ligeira,
Parece que flutua no ar,
Traz uma paz passageira,
Que voa junto com seu olhar.

História de Físico


No começo, ela era uma esfera,
Perfeitamente homogênea e no vácuo.
Passado o encanto, mostrou-se mais:
Uma Teoria das Cordas Relativística!
Eu então a vi Transformada:
De Laplace a Fourier,
Com uma série de Funções na minha vida,
Sem nunca me dá problemas de Contorno,
Mesmo durante nossos desentendimentos,
Mostrou a Relatividade dos nossos problemas,
Que pra ela eram Quânticos,
E eu então vi meu Universo expandido,
E todo aquele Calor do começo, eu sabia,
Iria Esfriar, me dando menos Trabalho.

Os dados rolaram sem Deus saber e,
Toda aquela Incerteza do Principio,
Fez meu sentimento Oscilar com o Tempo, e,
No espaço que hoje habitamos,
Temos uma Onda de Informações,
Que são uma Luz pra alguns problemas Particulares,
Que até mesmo nos fazem Refletir,
Mas com ela junto a mim,
Nenhum problema é Complexo demais,
E nunca duvido do seu Potencial,
Pois ela consegue tudo o que quer e,
Mesmo fazendo um Túnel nos obstáculos,
Conservamos a nossa Energia pra nós mesmos,
Pra num futuro termos um filho,
Que possa Unificar as nossas qualidades,
Saindo daqui até um ponto no futuro,
Sem nunca ter estado metido no meio dessa loucura toda,
Que é o mundo de hoje.