sexta-feira, 15 de abril de 2016

Pegadas na areia

Sombra das pegadas curtas
Areias brancas sob os pés
Essas pegadas tem minha letra
Minha assinatura na sola...
"Fahr mich nicht Weg", sie sagte,
Aber das alles ist mir jetzt zu weit Weg..
E quem foi que saiu da praia
Nas horas mais claras do dia
Rumando ao desconhecido?
Wir sind das, das bin ich.
Um tenis mais ou menos novo
Uma ideia mais ou menos velha
Sempre em frente, nós diziamos,
Fortgang oder Fortgang, ela escreveu
Mas meus pés foram longe demais
Em pegadas longas, de tão longas
Que não me alcanço mais onde cheguei.
Disfarço com o suor dado pelo Sol
O outro mar que mora em meus olhos
A testa franzida, como se dissesse algo,
Uma melodia soando no ouvido, como se eu me ouvisse...

A paz que se esvai em cada manhã
Lembra canções, lembra a velha cidade branca
Alguns poetas imortais que cruzaram esse caminho
E um velho retrato na cabeceira.
Somos distâncias, afinal,
Todos os dias nos percorremos,
Ansiando chegar ao nosso fim
Felizes? Quem sabe...
A aurora é minha felicidade, sempre rubra
Em tons de vermelho que invejam meus olhos.
Mas eu sou cinza, como o que restou de mim
Desde onze anos atrás quando vi meu fim
Nos braços de outros homens
Meus iguais, meus irmãos
Agora estou sozinho, até o entardecer do meu corpo.
Das Ende dreht sich vor mich zu
Soll ich hinzugehen
Oder soll ich bis das Ende des Lebens
Auf meine beste Lied aufwarten?

Quando pisei pela primeira vez na estrada
Não percebi onde estive antes da viagem.
Durante todo o tempo caminhei sem rumo
Sem amarras, sem raízes. Mas não era eu
Eram os fantasmas dos gigantes que me precederam
E eu um imitador barato
Onde andaria o meu horizonte sem mim?
Não tive direito a errar comigo
E como sempre, a dreadlock hasteou a sua bandeira
Fez minha tropa perder-se
E reencontrei-me em outras terras.
Continuar, ou continuar?
Viveria melhor se eu houvesse nascido
Onde não se nasce com coração
Onde não se tolera amar ou ser amado.